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O meu objetivo seria cruzar os Cárpatos para chegar à Polônia por Uzhorod, na Ucrânia por uma estrada secundária que me levaria a um pequeno povoado nas proximidades Dolyna.

Quanto à beleza inimaginável do lugar é difícil retratar em palavras, e pra que possa ter ideia melhor do quanto é deslumbrante a região, mais abaixo vou mostrar algumas fotografias.


Já eram quase 18 horas da tarde, e mesmo a claridade do dia se estendendo até por volta das 21 horas, queria chegar à Ternopil.

Uma estrada estreita, um asfalto mal conservado mas ainda em boas condições para que qualquer motocicleta possa transitar, rodei por uns 200 km sem cruzar com qualquer outro veículo. 


Sempre atento ao cenário para fazer uma foto, percebi que havia um pequeno lugarejo a uns 700 metros da estrada a qual me encontrava. Parei a motocicleta e comecei a procurar algum acesso que me levasse mais próximo. Não conseguia encontrar nenhuma saída e não me restou outra solução que foi a de usar a KTM na sua aptidão pelo off road e cruzar uma pequena estrada cortada por uma linha de trem. Como a topografia era totalmente plana não me preocupei em passar por cima daquela vegetação rasteira.

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O lugarejo se aproximava e a atmosfera do lugar tinha algo diferente no ar. Era uma pequena vila, casas antigas em meio a ruínas. Sempre quando se chega de motocicleta em algum lugar pequeno, de imediato a sua presença é notada, mas ali, a minha presença era observada de forma indiferente. As pessoas não demostraram hostilidade e nem receptividade.

Parei a motocicleta, desliguei o motor e me dirigi para um Café. O atendente não falava inglês, mas entendeu a minha vontade de tomar uma água e tomar um café.

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Sentei-me em um banco em frente ao café e observava a calma do lugar. Neste momento três homens param em frente a motocicleta e ficam concentrados, contornando a motocicleta, olhando minunciosamente todos os equipamentos. 

Aproximo-me, e um dos homens diz algo em ucraniano que fico sem entender.

Como instrumento de aproximação, mostro para o homem a bandeira do Brasil colada na moto, e o homem não se manifestou, demonstrando não entender a minha intenção. De forma tranquila começo a fotografar o lugar. 

Querendo ter certeza que ao fotografar não poderia gerar algum desconforto, primeiramente fiz uma foto da moto e mostrei aos três homens que observavam a moto.

Eles, ao olharem pelo LCD da câmera, simultaneamente abriram um sorriso e já observavam a moto na foto.

Me senti mais a vontade e comecei a fotografar tudo ao redor. Lentamente saí caminhando e o homem me acompanhava. Cada foto que tirava, mostrava ao homem a imagem na câmera. Já me sentia mais a vontade para fotografar o lugar e de forma bem sutil, as pessoas que ali passavam. 

Enquanto caminhava na companhia deste homem, passou uma senhora dando o braço para uma idosa que a acompanhava. Este homem disse algo para as duas, e um sorriso por parte desta senhora me deixou ainda mais a vontade para gesticular e perguntar se eu poderia tirar uma foto das duas. 

A resposta ficou no silêncio, mas pelo sorriso desta senhora eu já sabia que não haveria problema. E assim, fui cada vez mais ganhando tranquilidade para fotografar o lugar.

Em determinado momento este homem ao meu lado pega no meu braço como se quisesse me conduzir a algum local. Não andamos mais que um quarteirão e ali eu estava em frente a um tanque de guerra literalmente abandonado.

O homem falou algo, mas continuri sem entender, e sempre caminhando na frente como estivesse me sinalizando para que o acompanhasse. O homem parou em frente a uma casa e aponta para o detalhado. 

Ali estava clara que a mensagem era uma demonstração do que teria ocorrido no lugar: a casa literalmente destruída, como um destroço de guerra.


A mensagem já estava dada, as imagens as quais registrei já nos pode dar uma noção de um passado não muito distante

Aquele pequeno lugarejo, onde as minhas primeiras impressões me levavam a concluir que o lugar era protegido pela tranquilidade e paz, na verdade, escondia nas proximidades do outro lado do rio e tristeza ali já vivenciada.

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Resolvi pegar a motocicleta e seguir o meu caminho para chegar em Ternopil antes de anoitecer.

Quando seguia para a motocicleta uma cena me despertou atenção 

...uma menina com não mais que uns 7 anos, caminhava lentamente ia catando alguns galhos no chão e jogando no rio. Esta cena me trouxe uma simbologia do gesto desta criança, deixando a seguinte mensagem: 

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“Os galhos secam, caem no chão, e só nos resta seguir em frente, de alguma forma fazendo algo, no sentido de dar um novo destino pra aquilo que já é passado, e caminhar, sempre”...


A estrada continua...



Abraços a todos.

Eduardo Wermelinger
 

Fonte: http://www.rotaway.com/content.asp?cc=7&id=976

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